Notícias da Mocidade
Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei – Allan Kardec
Edição de novembro de 2023
Um desafio chamado família
Marcelino Pereira da Cunha
Faca de dois gumes
“Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.” (Paulo – 1º Coríntios 6.12)
Partindo do conhecimento que tudo é uma criação de Deus, ou que acontece pela sua permissão, deduz-se que tudo tem um fim primordial. Todavia nos desviamos do objetivo divino.
Até mesmo no sentido da frase inicial. Quando se anuncia que “criação de Deus” e “Deus permite”, tem enorme diferenciação. Quando informa que Deus criou significa ser sua obra, mas quando fala que ele permite, significa que ele concordou com que o homem está a fazer, e transfere a ele a responsabilidade de todos esses atos.
Tudo que Deus cria, é para nosso bem, por isso as informações de Paulo quando diz “tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”, porque vai depender do fim objetivado pelo nosso livre arbítrio. Exemplo retirado do evangelho do Cristo que diz; a enxada colocada na mão do jardineiro para carpir o jardim pode se transformar em arma homicida.
O mesmo ocorre com uma série de fatores que o homem imagina serem ruins, mas que na realidade é o mau uso que os tornam negativos.
Nossos atos na maioria das vezes agem na contramão da realidade.
Vejamos o que aconteceu com várias coisas: a invenção da aeronave, que é para o bem de locomoção, o homem a transformou em arma de guerra.
O dinheiro que surgiu para agilizar as negociações, é usado por muitos para fomentar negócios ilícitos.
Até mesmo os prazeres físicos, que nos foram dados por Deus, transformam-se em motivos para tantos e tantos crimes hediondos.
As drogas que deveriam servir como medicamentos para a cura das enfermidades, são usadas por muitas criaturas para arruinarem os outros, como também para sua própria ruína.
Assim segue essa sagra do uso errado tanto da Criação de Deus, como da sua permissão. Mas uma certeza existe; tudo que fizermos aqui na terra, iremos prestar contas um dia ao nosso criador DEUS.
Tenhamos em nossa consciência que o uso adequado de tudo que nos cerca é fator preponderando. Mas uma vez o pensamento de Paulo “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convêm”.
Fique em paz.
* * *
Histórias que a vida conta
Marcelino Pereira da Cunha
Compaixão...
Numa sala de aula do terceiro ano, há um menino de nove anos sentado à sua carteira quando de repente percebe uma poça entre seus pés, e a parte dianteira de suas calças está molhada. Nunca havia acontecido antes, e sabe que quando descobrirem nunca o deixarão em paz.
O menino acredita que seu coração vai parar; abaixa a cabeça e reza esta oração: “Querido Deus, isto é uma emergência! Eu necessito de ajuda agora! Mais cinco minutos e serei um menino morto”.
Levanta os olhos e vê a professora chegando com um olhar que diz que foi descoberto. Enquanto a professora está andando até ele, uma colega chamada Susie está carregando um aquário cheio de água.
Susie tropeça na frente da professora e despeja inexplicavelmente a água no colo do menino. O menino diz interiormente: 'Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!'
Repentinamente o menino que seria ridicularizado pelos colegas passa a ser objeto de compaixão. Mas como tudo na vida, o ridículo que deveria ter sido dele foi transferido a outra pessoa - Susie. Ela tenta ajudar, mas dizem-lhe para sair. “Você já fez demais, sua desajeitada!”
Finalmente, no fim do dia, enquanto estão esperando o ônibus, o menino caminha até Susie e lhe sussurra, “você fez aquilo de propósito, não foi?” E Susie lhe sussurra, “eu também molhei minha calça uma vez”.
* * *
Pingos de Luz
Sulamita de Almeida
Corações regenerando
Em pleno século XXI, imaginamos esperançosos que a humanidade caminha para a regeneração, deixando para trás a barbárie. Então, somos surpreendidos com conflitos entre povos. Perplexos com a crueldade, percebemos o quanto estamos distantes do “amar ao próximo como a ti mesmo...” A fraternidade universal é apenas um sonho...
Emmanuel, no texto “A decadência intelectual dos tempos modernos” comenta sobre os conflitos ocorridos na primeira metade do século XX.
Sobre a fraternidade e os órgãos diplomáticos pela paz, Emmanuel afirma:
“O que verificamos é que, sem a prática da fraternidade verdadeira, todos esses movimentos pró-paz são encenações diplomáticas sem um fundo prático, não obstante intenções respeitáveis.
Mas, consideremos também que o mundo não marcha à revelia das leis misericordiosas do Alto, e estas, no momento oportuno, saberão opor um dique à chacina e ao arrasamento; confiemos nelas, porque os códigos humanos serão sempre documentos transitórios, como o papel em que são registados, enquanto não se associarem, parágrafo por parágrafo, ao Evangelho de Jesus.”
(Livro: Ação, Vida e Luz – cap.7)
O cultivo da fraternidade é um processo individual, portanto, a tão sonhada “Terra Regenerada” será alcançada quando vencermos o mal que existe em nós.
Como vencer esse mal? Emmanuel comenta o caminho proposto por Paulo.
Vencer o mal
“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.”.
Paulo – Ro. 12:21
Comumente empregamos a expressão “guerrear o mal”, como se bastassem nossas atitudes mais fortes para exterminá-lo e vencê-lo.
Sem dúvida, semelhante conceituação não é de todo imprópria, porque, em muitas circunstâncias, para limitá-lo não podemos dispensar vigilância e firmeza.
Ainda assim, muitas vezes, zurzindo-lhe as manifestações com violência, criamos outros males a se expressarem através de feridas que apenas o bálsamo do tempo consegue cicatrizar.
O apóstolo, contudo, é claro na fórmula precisa ao verdadeiro triunfo.
“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.”
Perseguir, quase sempre, é fomentar.
O melhor processo de extinguir a calúnia e a maledicência é confiar nosso próprio verbo à desculpa e à bondade.
O recurso mais eficiente contra a preguiça é o nosso exemplo firme no trabalho constante.
O meio mais seguro de reajustar aqueles que desajudam ao próximo é ajudar incessantemente. O remédio contra a maldição é a bênção.
Os antídotos para o veneno da injúria são a paz do silêncio e o socorro da prece.
Por isso mesmo, Jesus ensinou:
“Amai os vossos inimigos.
“Bendizei os que vos maldizem.
“Orai por aqueles que vos maltratam e caluniam.
“Perdoai setenta vezes sete.
“Ofertai amor aos que vos odeiam.”
Podemos, pois, muitas vezes, combater o mal para circunscrever-lhe a órbita de ação, mas a única maneira de alcançar a perfeita vitória sobre ele será sempre a nossa perfeita consagração ao bem irrestrito.
Livro: Palavras de vida Eterna – Emmanuel/Chico Xavier cap. 10
* * *
Reflexões
Ante os mortos
É verdade que te martirizas à frente da morte, na Terra, mormente quando a morte surge, a ceifar-te os entes caros.
Aflitiva é a contemplação dos que partem do mundo, em nossos braços, quando nos achamos no mundo, muita vez a nos endereçarem angustioso olhar, como a pedir-nos mais vida no corpo físico, sem que nos possamos arredar da impossibilidade de fazê-lo.
Profundamente constrangedora é a mágoa de sentir-lhes as mãos desfalecentes em nossas mãos ansiosas, na despedida.
Entretanto, pensa neles, os companheiros que partem, na condição de viajores amados que te deixam provavelmente carregando consigo indagações muito mais agudas do que aquelas que se te estacam no coração.
Reflete nisso e não lhes agraves a dor.
Muitos deles se afastam marcados por impositivos urgentes de reajuste.
Compelidos a se arrancarem de hábitos longamente estabelecidos, quase sempre oscilam ante os chamamentos da rotina terrestre e as exigências de renovação da Vida Espiritual. E isso lhes custa empeços e problemas para as readaptações necessárias.
Mentaliza-os na condição de criaturas queridas, em refazimento para que se afeiçoem, sem maiores delongas, aos encargos novos que os aguardam.
Abençoa-os com as tuas melhores recordações, porque a lembrança ou a palavra alcançam a todos eles, com endereço exato.
Compadece-te dos supostos mortos e abstém-te de sobretaxar-lhes as preocupações com o pranto da angústia.
Ao invés disso, dá-lhes a cobertura afetiva, cumprindo, tanto quanto possível, os deveres que estimariam ainda continuar a satisfazer.
Eles estão em outras faixas de vivência, mas não irremediavelmente distantes.
São amigos que te antecederam na inevitável viagem para a Vida Maior, a te rogarem auxílio, a fim de se retornarem no próprio equilíbrio, ante o desempenho das novas tarefas que abracem.
Não olvides: converte a saudade em oração de esperança e envia-lhes os teus pensamentos de compreensão e de paz.
Ampara-os agora para que te amparem depois.
Emmanuel/F.C. Xavier – livro: Canais da Vida
* * *
Relendo o livro “LIBERTAÇÃO”
Regina Célia Lanne
CAPÍTULO XIX – Precioso Entendimento
Matilde, a mãe de Margarida, pediu para Elói buscar Margarida, que viria em estado de sono, deixando perceber que pretendia consolidar -lhe o equilíbrio e fortalecer - lhe a resistência.
A esposa de Gabriel surgiu demonstrando inconsciência, aparentando sonambulismo.
Nos braços de Matilde foi acordando pouco a pouco sob efeito de passes ao longo do cérebro e do simpático.
Sob esse procedimento Margarida expelia pelo tórax matéria cinzento escuro, numa “operação de limpeza”.
O perispírito opaco e vulgar passou a emitir um brilho maior.
Sob o magnetismo e amor de Matilde, Margarida despertou chamando a mãe e declarando ter sido abandonada, sentia-se infeliz e ainda cercada de inimigos. Considerava-se um fardo pesado para seu esposo dedicado.
Matilde prestou –lhe diversas explicações e meio para solucionar os problemas e recursos para escalar o monte da sublimação.
Esclareceu que muitas mulheres na terra não tinham o afeto de um marido, nem um lar, sendo humilhadas, mas, caminhavam corajosas pela vida.
Naquele diálogo, com a mãe terna e amorosa, Margarida se instruía e fortalecia seus sentimentos. Aconselhada a sair de si mesma, a esquecer das maledicências, e a não ser egoísta, Margarida adquiria maior consciência e agradecia aquele momento em que sua mãe lhe encorajava a mudar de conduta.
Matilde manifestou o desejo de partir, mas, antes que o fizesse, declarou que em breve tempo retornaria à Terra e seria filha de Margarida. Aconselhou a filha a se preparar para a maternidade de modo a não ser uma mãe conivente com valores materialistas e mundanos, desnecessários a uma vida saudável.
Antes de partir confiou a Elói o retorno de Margarida ao lar, e abraçou carinhosamente a filha querida.
Agradeceu a todos a ajuda prestada e combinou com Gúbio se encontrarem para planejarem a nova missão. Este indicou os auxiliares que estariam de guarda na residência de Gabriel e a equipe se dirigiu aos campos de saída daquela esfera carnal em busca de círculos mais altos.
* * *

Dica de leitura
O Educador e o Codificador – Allan Kardec
A palavra canal em significação justa na Língua Portuguesa, expressa habitualmente uma via aquática, construída pelo homem, para fins de trabalho e progresso ou pode traduzir-se por meio ou recurso de ligação.
Prevalecemo-nos, porém, de semelhante expressão para designar os médiuns que se fazem intermediários entre os vivos da experiência física e os vivos do Plano Espiritual.
Se comparado à árvore frutífera, conforme a feliz definição de Allan Kardec, no item número 10, do Capítulo XIX, intitulado “A Fé Transporta Montanhas”, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, necessita de disciplina e permanência em trabalho, a bem do próximo, sem a pretensão de superestimar-se ou de promover-se a destaque, acima dos companheiros.
Simbolizando-se o médium por estrada, ser-nos-á fácil compreender, reclama constante vigilância e proteção, com sinalização adequada à segurança do trânsito.
Segundo essa ideia, todo médium, para ser um caminho de ligação entre ele e as entidades espirituais que se comunicam, precisa, não só do apoio e da compreensão daqueles que o cercam, mas também de estudo e orientação que lhe confiram discernimento.
Se configurado na condição de uma fonte, quem lhe deseje os serviços, não lhe vasculhem a vida e sim lhe respeitem as condições e os sentimentos, porque, assim qual a fonte agitada no fundo não consegue doar água limpa ao sedento, o médium conturbado pela irreverência alheia, não disporá de cérebro lavado para ser fiel ao pensamento ou ao recado dos Espíritos benevolentes e amigos.
Se aceito na posição de um canal, é imperioso seja tratado, convenientemente, para que a linfa da verdade seja transmitida através dele, sem contaminar-se com o lodo das paixões ou dos propósitos subalternos.
Neste livro sem atavios e sem teorias complicadas, examinamos com os leitores amigos as diversas situações mediúnicas, para concluir que os medianeiros humanos, para desempenharem corretamente a tarefa de que se acham investidos, não dispensarão os esclarecimentos de ordem superior.
E para que se cultive a mediunidade responsável e segura, é aconselhável que o medianeiro na Terra siga o seu próprio caminho sem se afastar do convívio e da prática dos ensinamentos de Jesus.
Emmanuel
Uberaba, 15 de junho de 1986.
* * *
Evento