top of page

Edição de dezembro de 2022

Pingos de Luz

Sulamita de Almeida

A imiscibilidade

Dias conturbados passamos, durante o processo eleitoral. Companheiros Espíritas digladiando uns com os outros e cobrando posicionamento ideológico/partidário das instituições Espíritas, esquecidos do ensinamento do Mestre Jesus:

“Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus.” Mateus 22:21

Ao longo da história da humanidade, observamos o quão desastroso foi a aliança entre Estado e Religião. Quanta dor e quanto sofrimento foram impostos pelos religiosos sob a proteção dos governantes.

Na faixa evolutiva em que a Terra se encontra, ainda com os nossos corações endurecidos, torna-se impossível essa aliança entre Governantes e Religião.

Como a água e o óleo, a Religião e a Política dos homens, por ora, são imiscíveis.

Transcrevemos a reflexão de Emmanuel sobre essa tentativa dos homens em

fundirem Estado e Religião.

Jesus e César

Que seria do Cristianismo se Jesus recorresse à proteção de César? Possivelmente, alguns patrícios simpáticos à nova doutrina se encarregariam da obtenção do alto favor.

Legiões de soldados viriam garantir o Messias e os amigos do Evangelho, alinhar-se-iam à força da espada, não mais de ouvidos espontâneos, mas com a atenção absorvida na postura oficial.

Pedro e João, Tiago e Felipe adotariam certas normas de vestir, segundo os programas imperiais, e o próprio Cristo, naturalmente, não poderia ensinar as verdades do Céu, sem prévia audiência das autoridades convencionalistas da Terra.

Provavelmente, o Mestre teria vencido exteriormente todos os adversários e dominaria o próprio Sinédrio.

Mas… e depois? Sem dúvida, ter-se-ia fundado expressiva e bela organização político-religiosa, repleta de preceitos filosóficos, severos e regeneradores.

Mateus teria envergado a túnica do escriba estilizado, enquanto Simão gozaria de honras especiais e o próprio Jesus passaria à condição de um Marco Aurélio, cheio de austeridade e nobreza, interessado em ensinar a justiça e a sabedoria, mas em cujo reinado se verificariam perseguições das mais terríveis e sangrentas ao Cristianismo, sem que as ocorrências dolorosas lhe merecessem consideração.

O Mestre, contudo, compreendia a necessidade das organizações humanas, exemplificou o respeito à ordem política, mas, acima de tudo, serviu ao Reino de Deus, de que era representante e portador, neste mundo de experiências provisórias, dirigindo seu Evangelho de Amor, não só ao homem físico, mas essencialmente ao homem espiritual.

Sabia Ele que as organizações religiosas, propriamente ditas, existiam entre as criaturas, muito antes dos templos de Baal. Urgia, porém, entregar aos filhos da Terra a herança do

Céu, integrá-los na doutrina viva do bem e da verdade, estabelecer caminhos entre a sombra e a luz, aperfeiçoar caracteres, purificar sentimentos, elevar corações, instituir a universidade do Reino de Deus e sua justiça.

Entendia que a sua obra era de semeadura, germinação, crescimento, tempo e trabalho constante.

E plantou com o seu exemplo o Cristianismo sublime no campo da Humanidade, ensinando o acatamento a César, cooperando no aperfeiçoamento de suas obras, mas fazendo sentir que César constituía a autoridade respeitável no tempo, enquanto o Pai guarda o poder divino na eternidade.

Na exemplificação do Cristo, o Espiritismo evangélico, na sua condição de Cristianismo redivivo, deve procurar as suas diretrizes, edificantes no terreno da nova fé.

As organizações políticas, de natureza superior, são sempre dignas e respeitáveis e todos os seguidores do Evangelho devem honrar-lhes os programas de realização e progresso coletivo, acatando-lhes as instituições e contribuindo para o seu engrandecimento, na esfera evolutiva, mas não se pode exigir, da política de ordem humana, a solução dos problemas transcendentes de ordem espiritual.

Na atualidade do mundo, o Espiritismo é aquele Consolador prometido, enfeixando nova e bendita oportunidade de redenção. Em seu campo doutrinário, a verdade de Deus não está algemada, seus felizes estudantes e seguidores podem aquecer o coração ao sol da liberdade íntima, sem obstáculos na marcha da consciência para a realização divina.

Aos espiritistas dos tempos novos, portanto, surgem lições vivas, que não podem relegar ao esquecimento.

O sacerdócio organizado costuma ser o cadáver do profetismo.

O culto externo nem sempre favorece a luz da revelação.

A teologia, na maior parte das vezes, é o museu do Evangelho.

 

Urge, pois, em todas as circunstâncias, não olvidar Aquele que auxiliou romanos e judeus, atendendo ao povo e respeitando as autoridades, dando a César o que era de César e a Deus o que é de Deus, ensinando, porém, que o seu reino ainda não é deste mundo.

Livro: “Coletânea do Além ” – 1945 | Emmanuel_Chico Xavier – cap. 22

* * *

Relendo o livro “LIBERTAÇÃO”

Regina Célia Lanne 

CAPÍTULO XI – Valiosa experiência – Segundo parte

Naquela sala, o professor atenderia diversas pessoas com tantos problemas psiquiátricos, cercados de espíritos obsessores. Gúbio e equipe espiritual se dedicariam ao complexo problema de saúde de Margarida, visando enfrentar e buscar soluções.

O obsessor da infortunada senhora acolheu-os sem qualquer desconfiança, assumindo ares de pessoa superinteligente. Saldanha explicitou a necessidade de neutralizar os servos espirituais do professor operante por meio de todos os recursos possíveis.

Saldanha pediu a presença de um de seus colaboradores, um anão de semblante enigmático e estranho, de nome Expedito.

A ordem expedida a ele era impedir o professor de penetrar nos problemas da mente de Margarida. Expedito agiria em troca de certos favores, regalias, remuneração excelente, prazeres, na colônia de Gregório. Aceita a proposta, Expedito se colocou à disposição.

Gúbio passou a observar o desenrolar dos acontecimentos e constatou que as oficinas de trabalho do professor não inspiravam confiança.

O professor, antes de iniciar o trabalho, exigiu de Gabriel (esposo de Margarida) o pagamento de alta quantia. Estava claro que o intercâmbio espiritual não passava de um bom negócio. O médium era, na verdade, controlado por outros espíritos.

Como o recinto estava repleto de entidades em fase primária de evolução, seriam estas as coadjuvantes no caso de Margarida.

Em torno do médium era visível o fluxo de energia que emanava de suas narinas, ouvidos, boca, tórax e poros, e que era sugada pelas entidades inferiores assim como o homem comum se nutre de proteínas, carboidratos e vitaminas.

Gúbio, então, explica que aquela matéria não era patrimônio de privilegiados, mas propriedade vulgar de todos aqueles que se exercitavam por meio de acuradas meditações. E acrescentou, ser aquela substância, a “emanaçao ódica” de Reichenbach, “spíritus subtilissimus" de Newton e o “fluido magnético" de Mesmer”.

É a energia plástica da mente que acumula em si, tirando-a do fluido universal.

O ser humano nasce e renasce centenas de vezes para aprender a usá-la, sublimá-la e divinizá-la.

O médium vidente era vigoroso instrumento de contato com os Espíritos que o assistiam, embora nele não se visse qualquer sinal de sublimação de ordem moral.

É necessário se sublimar na atividade de intercâmbio entre os dois mundos, porque se a virtude é transmissível, os males são epidêmicos.

A equipe de benfeitores pôde observar que um médium desligado do corpo físico ouvia as sugestões de Expedito, que sugestionou ao médium em desdobramento que retornasse ao normal e disesse ao esposo de Margarida que o caso orgânico era simples, bastando-lhe cuidados médicos e tratamento do sistema nervoso, além de tomar choques na casa de saúde. Nada mais!

O médium psiquista, ainda, tentou argumentar se não seria lícito tentar algo em favor dela.

Expedito, rindo, rematou que aquilo era seu destino. Nada mais. Saldanha, com sorriso de satisfação, deduziu como era fácil enganar aqueles destituídos de raciocínio lógico.

André Luiz, pasmo, indagou se não estavam diante de uma manifestação mediúnica.

Gúbio afirmou ser esta a verdade. Estavam diante de um fenômeno dentro do qual uma entidade encarnada recebe os pareceres de outra, ausente do envoltório carnal.

Ficou claro que naquela clínica o fenômeno acontecia a esmo, sem comportas e disciplina.

É necessário que o clima seja de prece, de renúncia edificante, de espírito de serviço de elevação para o supremo Pai.

O que aconteceu naquela sala era a presença de um médium de grandes possibilidades, mas agindo como um comerciante vulgar de suas potencialidades, incapaz de atender aos benfeitores da vida superior.

Ocorria ali a venda de essências divinas em troca de recursos amoedados. O caminho da oração e do sacrifício é indispensável para se transformarem em pessoas dignas. Renúncia, prece, bondade educam os que agem no bem, razão pela qual pugnamos pelo espiritismo com Jesus.

Assim que o vidente retornou da manifestação, abriu os olhos e disse a Gabriel que o problema seria solucionado com a colaboração da psiquiatria. Comentou a situação precária dos nervos da doente e indicou um especialista de seu conhecimento para o novo método de cura de Margarida. Recomendou cautela e resistência ante os estados mentais depressivos.

A jovem recebeu as observações com desencanto e dor.

Saldanha abraçou os companheiros por desempenharem a deplorável tarefa e convidou os amigos para se retirarem dizendo que a vingança deveria marchar segura até o fim.

Gúbio enviou-lhe um triste sorriso, retratando a sua aflição e acompanhou Saldanha humildemente.

* * *

Refletindo

Tolerância

Vive a tolerância na base de todo o progresso efetivo.

As peças de qualquer máquina se suportam umas às outras para que surja essa ou aquela produção de benefícios determinados.

Todas as bênçãos da natureza constituem larga sequência de manifestações da abençoada virtude que inspira a verdadeira fraternidade.

Tolerância, porém, não é conceito de superfície.

É reflexo vivo da compreensão que nasce, límpida, na fonte da alma, plasmando a esperança, a paciência e o perdão com esquecimento de todo o mal.

Pedir que os outros pensem com a nossa cabeça seria exigir que o mundo se adaptasse aos nossos caprichos, quando é nossa obrigação adaptar-nos, com dignidade, ao mundo, dentro da firme disposição de ajudá-lo.

A Providência divina reflete, em toda parte, a tolerância sábia e ativa.

Deus não reclama da semente a produção imediata da espécie a que corresponde. Dá-lhe tempo para germinar, crescer, florir e frutificar. Não solicita do regato improvisada integração com o mar que o espera. Dá-lhe caminhos no solo, ofertando-lhe o tempo necessário à superação da marcha.

Assim também, de alma para alma, é imperioso não tenhamos qualquer atitude de violência.

A brutalidade do homem impulsivo e a irritação do enfermo deseducado, tanto quanto a garra no animal e o espinho na roseira, representam indícios naturais da condição evolutiva em que se encontram.

Opor ódio ao ódio é operar a destruição.

O autor de qualquer injúria invoca o mal para si mesmo. Em vista disso, o mal só é realmente mal para quem o pratica. Revidá-lo na base de inconsequência em que se expressa é assimilar-lhe o veneno.

É imprescindível tratar a ignorância com o carinho medicamentoso que dispensamos ao tratamento de uma chaga, porquanto golpear a ferida, sem caridade, será o mesmo que converter a moléstia curável num aleijão sem remédio.

A tolerância, por esse motivo, é, acima de tudo, completo esquecimento de todo o mal, com serviço incessante no bem.

Quem com os lábios repete palavras de perdão, de maneira constante, demonstra acalentar a volúpia da mágoa com que se acomoda perdendo tempo.

Perdoar é olvidar a sombra, buscando a luz.

Não é dobrar joelhos ou escalar galerias de superioridade mendaz, teatralizando os impulsos do coração, mas sim persistir no trabalho renovador, criando o bem e a harmonia, pelos quais aqueles que não nos entendam, de pronto, nos observem com diversa interpretação, compreendendo-nos o idioma inarticulado do exemplo.

Oferece-nos o Cristo o modelo da tolerância ideal, em regressando do túmulo ao encontro dos aprendizes desapontados. Longe de reportar-se à deserção de Pedro ou à fraqueza de Judas, para dizer com a boca que os desculpava, refere-se ao serviço da redenção, induzindo-os a recomeçar o apostolado do bem eterno.

Tolerar é refletir o entendimento fraterno, e o perdão será sempre profilaxia segura, garantindo, onde estiver, saúde e paz, renovação e segurança.

Emmanuel/Francisco Cândido Xavier – livro: Pensamento e Vida

***

3pingos
4relendo
refletindo
5dica
evem2mundos.jpeg
Dica de leitura

Evolução em dois mundos

A partir da premissa de que a morte definitiva não existe e de que devemos sempre evoluir, o Espírito André Luiz apresenta o trabalho de amigos espirituais que viajam para auxiliar na transição para o plano superior de Espíritos dedicados ao bem. É nesta nova realidade que os seres desencarnados devem se preparar para voltar à Terra e continuar sua jornada rumo ao crescimento moral. Em 20 capítulos de profundos exemplos de princípios da Doutrina Espírita, Obreiros da vida eterna mostra como são imensas as dimensões vibratórias do universo e como é essencial o aperfeiçoamento íntimo, o amparo amigo e o verdadeiro serviço para alcançar o equilíbrio pessoal.

Inscreva-se para receber um aviso a cada nova edição do Notícias da Mocidade

Seu email foi cadastrado com sucesso!

© 2023 por Coisas Encantadoras. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page