Notícias da Mocidade
Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei – Allan Kardec
Edição de outubro de 2023
Um desafio chamado família
Marcelino Pereira da Cunha
Suicídio e delinquência
De quando em vez ouvimos notícias tristes de criaturas que procuram fugir da vida pelas portas do suicídio. E essas informações trazem-nos profundos desalentos.
Vamos então meditar sobre o assunto nos esclarecimentos pela psicografia de Francisco Cândido Xavier mensagem extraída no livro: Paciência.
Todo rio procede de uma nascente simples.
A maioria dos incêndios se alteia de alguma faísca.
Assim também sucede com o Suicídio e a Delinquência:
A reclamação demasiadamente repetida;
O grito inesperado, desarticulando o equilíbrio emocional de quem ouve;
O gesto de irritação;
A frase de crítica;
A explosão de ciúme;
O confronto infeliz;
A queixa exagerada;
A exigência sem razão;
A palavra de insulto;
A resposta à base de zombaria;
O compromisso desprezado.
Qualquer dessas manifestações, aparentemente sem importância, pode ser o início de lamentável perturbação, suscitando, por vezes, processos obsessivos nos quais a criatura cai na delinquência ou na agressão contra si mesma.
E o único remédio que conhecemos até agora contra semelhantes calamidades, a ser usado em favor das vítimas possíveis do suicídio ou em auxílio daqueles que o provocam, é a prática da compreensão e do amor, na embalagem da paciência.
Teus mais íntimos pensamentos são ímãs vigorosos trazendo-te ao roteiro as forças que procuras.
Ao que parece o remédio para a cura de tão terrível mal, não seja tão difícil assim. Mas na realidade o sabor não seja tão agradável, quando os sentimentos tenham a decisão final.
Todavia nem tudo está determinado como fim, por mais pareça sem solução, existe sempre uma saída quando se busca as respostas certas condimentadas na essência de Deus nosso pai.
A vida é única e nunca poderá ser substituída. Por isso precisa ser preservada como tesouro muito especial.
Se aceitar o convite do desespero que sugere abreviar a existência do arrependimento, irá substituí-lo, oferecendo o calor do remorso e do abuso cometido.
Termino com a frase que tem trazido um grande arrimo ao coração sem esperança.
Emmanuel
“Não tem como voltar atrás e fazer um novo começo, mas tem como começar agora e fazer um novo fim”.
Paz a todos
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Histórias que a vida conta
Marcelino Pereira da Cunha
Os sapos
Havia na Sapolândia três sapinhos que estavam passeando pela floresta.
De repente, caíram numa panela cheia de leite.
Assim que começaram a se debater, todos os outros sapos da Sapolândia foram ver o que estava acontecendo, pois estava uma algazarra na floresta.
Foi aí que morreu o primeiro sapo.
A Sapolândia toda começou a gritar:
- Parem de se debater, é melhor morrer descansado do que se debatendo! - Diziam uns.
- Vão morrer mesmo! - Diziam outros.
Foi então que morreu o segundo sapinho.
Os demais sapos tentavam, em vão, fazer o terceiro sapinho desistir de se debater.
Mas quanto mais eles falavam, mais o sapinho se debatia.
E foi se debatendo, debatendo e debateu-se tão vigorosamente que, de repente, o leite da panela virou manteiga e o sapinho se salvou.
Espantados com tamanha proeza, os cientistas da Sapolândia foram estudar o sapinho. Sabe o que descobriram?
O SAPO ERA SURDO!
Ou seja, não se deixou contaminar pelo negativismo dos outros, porque não podia ouvir; e assim, pode se salvar.
Autoria desconhecida
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Pingos de Luz
Sulamita de Almeida
Lei Natural e Leis Humanas
Sabemos que a Lei de Deus é imutável e rege toda a Criação. As leis humanas são imperfeitas, modificam-se com a cultura e progresso da humanidade.
A Justiça Divina é misericordiosa e visa o progresso moral do espírito. A Justiça humana é punitiva. Ela atinge certas faltas e as pune através de prisões, pena de morte, multas ou prestações de serviços comunitários.
As Leis de Deus estão escritas na nossa consciência, porém nós a esquecemos e menosprezamos. Para que a Lei Natural fosse relembrada, Deus enviou em todos os tempos homens com a missão de revelá-la.
Vivemos dias tormentosos, onde legisladores humanos desavisados instituem leis antagônicas à Lei Divina.
Diante desse quadro, o que fazer?
Lembremos da assertiva de Paulo:
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm.
Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.”
1 Cor. 6:2
Se no país onde moramos existem leis antagônicas à Lei de Deus, o coração evangelizado jamais utilizará desse "direito humano".
Emmanuel e Chico Xavier, nos revela um texto que aborda o destino, a Lei e o livre arbítrio.
O Destino
Destino e livre-arbítrio sempre coexistem nas atividades humanas. O Criador Infalível estabelece a Vida Universal. O homem falível traça os roteiros da vida que lhe é própria.
O Pai organiza as leis eternas. O filho vale-se das experiências. Não há fatalidade para o mal e sim destinação para o bem. É por isso que a todas as criaturas foi concedida a bênção da razão, como luz consciencial no caminho.
Se o Senhor Supremo estatui diretrizes e recomenda aos homens a execução dos princípios formulados, o homem é compelido a cooperar em sua obra divina.
Da desobediência da alma aos supremos desígnios procedem as desarmonias no serviço universal. E quanto maior a expressão de entendimento no espírito rebelde, mais agravo da responsabilidade caracteriza a intervenção indébita do colaborador humano que abusa da magnanimidade das Leis Divinas.
Quanto maior a capacidade do discernimento, mais vasto o débito.
Que a alma encarnada, pois, compreenda o transcendentalismo das divinas concessões e desempenhe os deveres que lhe competem no caminho diário.
Ninguém fugirá ao doloroso trabalho individual de recomposição dos elos quebrados na corrente da universal harmonia.
Cada devedor será defrontado pela própria dívida, agora ou mais tarde, atentos à realidade de que nem todas as sementes produzem frutos dentro de alguns dias ou de algumas semanas.
Se os minúsculos grãos de vida dos legumes oferecem resultados em alguns dias, plantas existem que só fornecem a multiplicação de valores no curso de longos anos. Assim, nossos atos e compromissos. Nem todos proporcionam efeito em tempo breve.
Daí a necessidade dos indivíduos e dos agrupamentos quanto à real observação da vigilância no círculo de si mesmos.
O Pai concede a bênção da oportunidade. Mas ao filho encontra-se afeta a cooperação.
Há, portanto, leis que regem a vida e, consequentemente, destinação de homens e coletividades a essa ou àquela tarefa, a esse ou àquele trabalho nas edificações da experiência humana; entretanto, nesse campo, permanece o homem — colaborador de Deus — com a sua capacidade de execução e também de influenciação ou interferência.
Que todos nós, portanto, usando os sagrados dons da liberdade interior, colaboremos com o Pai no maior engrandecimento de sua obra, a fim de que, no esplendoroso amanhã do futuro, venhamos a integrar as fileiras dos servidores fiéis, a caminho da justa e real glorificação na Eternidade.
Nosso livro - Autores diversos/Chico Xavier — 1ª Parte - cap. 21
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Reflexões
Dez maneiras de amar a nós mesmo
1 — Disciplinar os próprios impulsos.
2 — Trabalhar, cada dia, produzindo o melhor que pudermos.
3 — Atender aos bons conselhos que traçamos para os outros.
4 — Aceitar sem revolta a crítica e a reprovação.
5 — Esquecer as faltas alheias sem desculpar as nossas.
6 — Evitar as conversações inúteis.
7 — Receber no sofrimento o processo de nossa educação.
8 — Calar diante da ofensa, retribuindo o mal com o bem.
9 — Ajudar a todos, sem exigir qualquer pagamento de gratidão.
10 — Repetir as lições edificantes, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, perseverando no aperfeiçoamento de nós mesmos sem desanimar e colocando-nos a serviço do Divino Mestre, hoje e sempre.
André Luiz/F.C. Xavier – livro: Paz e Renovação
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Relendo o livro “LIBERTAÇÃO”
Regina Célia Lanne
CAPÍTULO XVIII – Palavras de benfeitora
Em um largo círculo de Espíritos amigos e necessitados, Gúbio assumiu a direção dos trabalhos, pedindo a todos que elevassem seus pensamentos ao Alto, recomendando naquele momento o esquecimento dos velhos erros e a busca de sublimadas esperanças, emolduradas em otimismo renovador, afim de que se exteriorizassem as energias mais nobres de cada um dos presentes.
Deixou claro que em situação de socorro, qual sucedia no caso de Margarida, era necessário guardar a superioridade moral.
Gúbio, naquele cenáculo de fraternidade rogou humilde e comovente prece a Jesus, pedindo as bênçãos para seus discípulos, ignorantes e ainda presos à vaidade e orgulho e discórdias através de muitos séculos.
Uma chuva de raios diamantinos jorrava do Alto em Gúbio, com divina torrente de claridade em favor de todos os presentes.
Gúbio pediu a André Luiz que presidisse a reunião em seu lugar, asseverando ter que preparar-se para a materialização de Matilde a mãe de Gregório, que ali chegara.
Gregório era o chefe supremo daquela cidade estranha.
Matilde ali estava para encorajar os assistentes, antes que pudesse estar com seu filho Gregório.
Gúbio se recolheu próximo de todos em profunda meditação no processo de materialização.
Irradiando luz brilhante, aquela massa incandescente se transformou no vulto de Matilde, que parecia um anjo glorioso em forma de mulher.
Sua preleção aos presentes referiu ao tema reencarnação.
Fez alusões a diversos aspectos da conduta do espirito em torno da reencarnação afirmando aos amigos:
— a reencarnação não deve ser vista apenas sobre o prisma do esquecimento;
— a vida é continuo processo de aperfeiçoamento;
— em relação ao bem não apenas desejar, mas orientar o desejo na direção do bem infinito;
Humildemente se colocou como servidora de boa vontade, uma vez que, como muitos ali tiveram também um passado obscuro que lhe deixara grandes cicatrizes.
E prosseguiu sua preleção, com afirmativas que expressavam mensagens de esperança.
Matilde deu continuidade às suas assertivas afirmando:
— a aquisição de virtudes iluminativas não constitui serviço instantâneo que se consegue de uma hora para outra;
— a criatura encarnada ou desencarnada, respira entre os raios de vida superior ou inferior ao redor de si mesma tal como a aranha que constrói sua teia ou a andorinha que corta os ares com suas próprias asas;
— ao reencarnar o ser precisa ser responsável;
Nimbada em luz radiante, Matilde estendeu as mãos sobre os presentes da reunião e acrescentou indagações que poderiam influenciar na conscientização dos erros cometidos, na aceitação da retificação no afastamento das condutas trevosas.
No sacrifício, no auxilio aos companheiros, nas boas obras executadas, nos atos de plantar e de colher, nas benesses do trabalho, no preparo de corrigenda dos defeitos e no sacrifício para assumir a tarefa da maternidade e paternidade muita era exigido dos mentores.
Alertando sobre as ilusões do ser ante a reencarnação, referiu-se às criaturas inferiores e selvícolas por se abeirarem ainda do primitivismo, e semelhante a racionais que aperfeiçoam os instintos para mais tarde entrarem no reino da razão.
Asseverou que a vida não pode se resumir a um sonho como se a reencarnação fosse a anestesia da alma e valorizou a reencarnação como importantíssimo acontecimento para se atingir a redenção.
Pausando sua alocução, Matilde pediu aos ouvintes que se pronunciassem acerca dos seus projetos para o futuro. Um cavalheiro disse gravemente ter sido duplamente homicida em sua romagem terrestre tendo agido hipocritamente. Esperava que ao atravessar o túmulo, suas vítimas o acusassem, entretanto, encontrou apenas o desprezo, distanciamento, o esquecimento e o perdão. Tal situação o deixara pior ante sua própria consciência.
Matilde aconselhou-o a buscar outros irmãozinhos que agiram da mesma forma, ajudando-os nas suas regenerações e transmitindo-lhes esperanças e atraindo-os ao trabalho de sublimação na aplicação do bem.
Assim o cavalheiro recolheria as bênçãos de paz e de luz acalmando sua tentação de eliminar os adversários.
Uma mulher narrou seu ato de transviamento moral dizendo ter desonrado seu lar para gozar os prazeres da “mocidade” e abandonado marido e filhos. No momento tinha pavor de si mesma, procurava a paz e tinha a alma amargurada.
Esquecer-se de si mesma, reencarnar, plantando em mentes que erraram da mesma maneira que ela. Novos princípios e novas luzes sendo reconduzida à escola terrestre.
Seria dotada de grande beleza física passando pela prova terrível da beleza.
Para fugir do mal devemos apoiar o bem.
A benfeitora Matilde finalizou suas palavras aos ouvintes dizendo:
— E que nenhum de nós admita o acesso fácil aos tesouros eternos...
Quem pretende recolher a felicidade no século vindouro comece desde agora a sementeira de amor e paz.
Uma luz iluminou o tórax de Matilde.
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Dica de leitura
O Educador e o Codificador – Allan Kardec
Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu em Lyon, França, em 1804. Linguista, com domínio de vários idiomas, exerceu grande influência sobre a reforma do ensino na França e na Alemanha, no século XIX. Seu interesse nas questões da espiritualidade foi despertado pelo fenômeno das mesas girantes, que agitou a Europa nos meados do século XIX. O notável professor começou a estudar os casos, aplicando o método experimental. Sempre em busca da razão e da lógica dos fatos, interrogou, anotou e ordenou os dados, sendo por isso chamado o Codificador do Espiritismo.
Allan Kardec – O educador e o codificador traz a mais completa biobibliografia do Codificador do Espiritismo. De elaboração minuciosa, resultado de árdua pesquisa, fornece uma visão da personalidade intelectual e moral de Hippolyte Léon Denizard Rivail e sua obra como educador emérito. Enfoca temas como nascimento, formação escolar, influência de Pestalozzi, o apoio de madame Rivail, formação profissional, fertilidade pedagógica, diplomas e recompensas e tantos outros. Ressalta a competência moral e intelectual de Rivail na grandiosa obra que realizou como apóstolo da renovação humana, sob o pseudônimo de Allan Kardec.